quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Como uma casa assombrada

Eu sou uma casa assombrada: em mim vivem os espectros dos meus sonhos perdidos, das minhas expectativas quebradas e de todas as vezes que prometi a mim mesma mudar sem que o tenha feito. À minha frente estende-se um jardim de desilusões e de fraquezas. Todas as casas assombradas têm que ter, também, um jardim igualmente assustador.
Nesta casa habitam dois hóspedes ainda piores que os fantasmas. Chamam-se depressão e distúrbio de ansiedade. Coabitam a minha existência há demasiado tempo, espalhando os seus tentáculos por todas as extremidades da minha vida.
Não sou fã deles mas não há maneira de os despejar. Aparentemente, sou boa senhoria. Disseram-me isto há pouco tempo, se bem que não exactamente desta forma, e, por mais que me custe admitir, existe uma certa razão nisto tudo. A verdade é que se eu sou o que como, então não serei grande coisa. 
Aviso desde já que culpo todas as minhas más decisões nos meus inquilinos: as bebidas com gás, o excesso de açúcar, as gorduras, o chocolate. A verdade é que eu estou a alimentar os meus inquilinos. Não é portanto de admirar que não queiram sair desta casa...

Vamos então lá fazer um ponto de situação:
1.65 cm de altura.
96.6 kgs de peso.
1 depressão major diagnosticada e medicada.
1 distúrbio de ansiedade diagnosticado e medicado.
1 trabalho exigente e stressante.
Histórico familiar de diabetes tipo 2, de problemas cardiovasculares graves e obesidade.
Histórico pessoal de problemas respiratórios, alergias, renites e sinusites, problemas bronco-pulmonares e, pois claro, de saúde mental.

Se quero seguir a tradição familiar de longevidade, convém então tentar uma verdadeira mudança de vida.